Matéria publicada em 12 de março - 2018 pelo blog - Nathannaarea.com.br
Se na física existiu um belga-suíço, chamado Auguste Piccard, o
primeiro homem a subir até a estratosfera da Terra, em Pau dos Ferros/RN, o desportista Jocéli Torres,
enxergou alto, longe, e antes de qualquer outro esportista, da importância de
uma modalidade esportiva chamada “FUTSAL FIFA”.
Créditos: Liga Futsal de Pau dos Ferros/RN
Jocéli
Torres – Um ícone do nosso esporte. Há 42 anos, ele foi apresentado ao mundo do
desporto; como: Torcedor, atleta, treinador, dirigente, radialista, jornalista
e atualmente; gestor esportivo e filósofo do esporte. Para Jocéli, o grande
problema do esporte é a falta de conhecimento. Falta estudo, o nível
intelectual dos profissionais que atuam, tanto na área da educação como no
esporte aberto, é baixíssimo.
UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA COM JOCÉLI TORRES
“O SENHOR DO FUTSAL”
1ª PARTE DA ENTREVISTA
Do clã do Futsal
Depois de muitos anos e de várias tentativas frustadas de conseguir entrevistar, Jocéli Torres, finalmente o Blog – Nathan na Área, conseguiu nesta semana, esta incrível façanha, uma entrevista exclusiva com este renomado desportista, que é bastante influente e respeitado no meio esportivo do nosso estado e quiçá do Brasil.
Considerado
um ícone do nosso esporte, Jocéli Torres, averso á entrevistas, finalmente
concordou ser entrevistado pelo Blog – Nathan na Área. A tempo essa entrevista
é aguardada no seio da comunidade esportiva e por nossos leitores que nos
acompanha diariamente através de nossas postagens pelas mídias da rede mundial.
A
entrevista ocorreu no “Rancho do Jacó”, de propriedade do senhor Francisco
Jácome, que fica localizado na cidade de Encanto/RN, onde o entrei reunido com
um grupo de amigos.
SONHOU COM O SUCESSO DO FUTSAL
Assim,
como o físico Suíço, Auguste Piccard, que no dia 27 de maio de 1931, bateu o
Record de altitude, ao subir em um balão até a altitude de 10 milhas, se
tornando o PRIMEIRO homem a atingir
a camada da estratosfera da terra,
Jocéli Torres,
descobriu que estava surgindo um movimento para criar no Brasil, o Futsal da
FIFA, e não mediu esforços para implantar esta modalidade em nossa cidade, no
início da década de 90. Depois de alguns anos deixou a nossa cidade para
conhecer um novo horizonte de conhecimento de forma prática que pudesse nortear
aos seus conhecimentos aos já adquiridos.
Jocéli Torres deixou Pau dos Ferros em 2002 e foi residir em Fortaleza. Desde que assumiu a liderança do esporte de nossa, ele sempre esteve em conflito com todo o Establishment esportivo de Pau dos Ferros/RN, que era ligado á área da educação do qual ele os denomina de “anti-esporte aberto”, e tomou a decisão de ir para a capital do Estado do Ceará, onde residiu por mais de uma década.
O RETORNO
Em 2013, foi convidado
pelo seu amigo Fabrício Torquato para criar um projeto e desmembrar a
Secretaria de Esporte da Secretaria de Educação. Ao voltar a Pau dos Ferros,
Jocéli Torres, além de colaborar com o governo municipal, ele encarou o desafio
e implantou um projeto esportivo inovador em nossa cidade, voltado exclusivo
para o Futsal FIFA, denominado de “Menino! Já pra fora - Criança Habilidosa”,
que passou a ser desenvolvido na Quadra da 25 de Março, no Bairro do Alto do
Açude, desde o final de 2013.
No Futsal, Jocéli Torres, criou uma marca que proporcionou que ele pudesse desenvolver sua própria academia esportiva, implantando todas as suas teses, sempre a serviço do esporte. Assim como um filósofo puramente privado como os Gregos, cada um com os seus discípulos, não, com sua escola. A exemplo de Antenas, Jocéli Torres escolheu a quadra da 25 de Março para implantar o projeto “Menino! Já pra fora” que ele havia criado em Fortaleza. A iniciativa tinha como objetivo sair da teoria e ir direto para prática.
A quadra da 25 de Março, passava a ser uma espécie de Jardim de Epícuro, uma academia filosófica do Futsal FIFA, mas que passava a ter a internet como um importante meio de divulgação do trabalho desenvolvido.
Jocéli Torres é um homem tecnicamente muito bem preparado, vê-se extraordinariamente bem neste projeto com um conteúdo criativo e inovador. Com visão filosófica de mundo extraordinária, ele apresenta seu ponto de vista do esporte, dentro do contexto de um conteúdo programático específico para crianças e adolescentes e que os mesmos possam confrontar-se com as exposições de aulas governamentais puramente aleatórias, que é profundamente perniciosa para os valores esportivos e morais em que cremos para a estabilidade de nossa sociedade. E por outra parte, para ver como se apresenta uma visão esportiva intelectual verdadeira aos projetos criados pelos governos.
Reservado e bastante
adverso a entrevistas, Jocéli Torres, continua sendo um defensor do esporte
aberto, do livre mercado, organizado por instituições privada e
específica. Para ele tudo que apareceu
até hoje foi fruto de uma iniciativa pessoal, nada teve influência por parte do
estado. Todas as modalidades que conhecemos no mundo atual tiveram no seu
nascedouro, um visionário, alguém que vislumbrou algo, sonhou um dia, acreditou
e defendeu de forma árdua as suas convicções, para que no futuro viesse a se
tornar algo real, uma modalidade esportiva e praticada pela grande massa da
população.
Créditos: Liga Futsal de Pau dos Ferros/RN
Jocéli Torres – O filósofo do esporte
Blog – Nathan na Área – Como foi que o senhor descobriu o Futsal?
JT: Descobri em
1990, devido ao fato de jogar Futebol de Salão, desde os meus 6 anos de idade,
tive a oportunidade de conhecer muita gente boa no meio esportivo, pessoas
ligadas as mais diversas modalidades esportivas. Também tive o privilégio de poder
conhecer os principais personagens que ajudaram a criar e desenvolver, primeiro
o Futebol de Salão e depois com o Futsal. Foi nesse meio bastante eclético que conheci pessoas fantásticas da modalidade que permitiu conhecer a verdadeira essência do
esporte. Fui um privilegiado de poder crescer dentro desse contexto esportivo e
quando fiquei sabendo, isto em 1990, do surgimento, no Brasil e no mundo, que
estava havendo um movimento no país para criar uma nova modalidade esportiva
para o Futebol de quadra, não pensei duas vezes, entrei em contato com os dirigentes nacionais, os quais me orientaram, e foi uma honra ter sido a segunda entidade
no Brasil, depois da Federação Paulista de Futsal, a implantar as primeiras
regras de Futsal FIFA. Várias das regras que utilizávamos no Futebol de Salão,
seriam substituídas, de cara, por outras regras oriundas do Futebol de 5 da
FIFA. Algumas dessas regras eram: O impedimento, o tamanho da bola e o tamanho
da quadra. Isso me despertou a curiosidade inicial para conhecer o que estava
sendo preparado para a nova modalidade. Inicialmente foi as regras, depois já
sabemos o que aconteceu. Quem quiser saber os detalhes de todas as negociações
entre os dirigentes brasileiros com a FIFA, é só aguardar mais um pouco, pois
estou preparando uma enciclopédia, com cerca de 3 a 4 volumes, onde contará a
história da criação dessa linda modalidade esportiva no mundo. Será um legado
que deixarei para os amantes do Futsal, do Futebol Indoor.
Blog – Nathan na Área – Como foi os primeiros trabalhos para criar o Futsal em nossa cidade?
JT: Tivemos que
criar uma espécie de força tarefa, um grupo de trabalho, cerca de vinte a
trinta pessoas, foram as primeiras a ter o contato direto com a modalidade,
pois era necessário para que pudéssemos, inicialmente, criar os clubes e
depois fundar a Liga Futsal de Pau dos Ferros. Vários amigos ligados ao Futebol
de Salão, nos ajudaram para que o sonho de criar o Futsal da FIFA em nossa
cidade pudesse ser tornar realidade. Alguns desses personagem da época, não se
encontra mais conosco, deixando muita saudades.
Blog – Nathan na Área – Como foi a primeira partida de Futsal?
JT: Depois de um
ano de muito trabalho, o esforço valeu apena. Após chegar de viajem de
Fortaleza em 1991, consegui reunir o
pessoal e concluir o trabalho burocrático que estava sendo realizado. E,
Finalmente em 1992, conseguimos realizar a primeira partida oficial de Futsal
FIFA em nossa cidade, foi algo memorável, mas não tínhamos, naquela época a
noção que o Futsal FIFA iria se transformar no que ele é hoje. Sabíamos que estávamos fazendo história, mas era tanto trabalho, uma responsabilidade enorme,
não parávamos para pensar em algo que não fosse os eventos promovidos pela Liga
Futsal.
Blog – Nathan na Área – A transição entre o Futebol de Salão e o Futsal, como ela aconteceu?
JT: Bem! anterior ao surgimento do Futsal da FIFA, praticava-se o Futebol de Salão da FIFUSA, entidade que foi extinta e abriu espaço para a AMF- Associação Mundial de Futebol de Salão, que continua comandando o esporte a nível mundial. O Futebol de Salão é um concorrente do Futsal da FIFA, na Espanha, com exceção da Catalunha, é proibido por lei a prática do Futebol de Salão, cabe apenas ao Futsal da FIFA, desenvolver o Futebol Indoor no país. No Brasil, todos os praticantes do Futebol de Salão por concesso decidiram abandonar as velhas estruturas do salão e aglutinar-se dentro do Futsal da FIFA. Porém, apesar de sermos os criadores do FUTSAL, é a FIFA que administra a modalidade a nível mundial, no entanto, foi firmado um acordo no qual dava direito aos brasileiros ter a sua própria administração no Futsal, em nível de Brasil, sendo o único país do mundo, onde a modalidade não é comandada por uma Confederação de Futebol filiada a FIFA. Em nosso caso a Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, trabalha em parceria e de forma harmoniosa com os Futsalistas. No entanto a lei Zico e depois lei Pelé, permitiu que entidades pudesse ser criadas, pudessem ter seus registros em cartórios, mesmo sem o reconhecimento do Governo Federal, uma contradição, típica de nossos legisladores. Aí temos o Futsal da FIFA, que é reconhecido pelo governo, através do Ministério dos Esportes e MEC, e foram criadas várias entidades que juga-se no direito de utilizar o termo Futebol de salão. Porém esse termo só quem pode ainda usar, no Brasil, é a CBFS – Confederação Brasileira de Futebol de Salão, que é sediada em Fortaleza e administra também o Futsal da FIFA. JT
Blog – Nathan na Área – No caso de Pau dos Ferros, como foi realizado essa transição do Futebol de Salão para o Futsal da FIFA?
JT: Sim! No caso
de Pau dos Ferros, não houve muita dificuldade, como não existia nenhuma
entidade legalizada de Futebol de Salão, a coisa era muito amadora, então não
houve a necessidade de se fazer negociações, nós que tínhamos equipes e éramos
quem desenvolvia na realidade o Futebol de Salão no município e quem sustentava a
modalidade, não tivemos muita dificuldade para fazer essa transição. Apenas eu
entendi, e trabalhei para isso, que deveríamos fazer essa transição de forma
mais discreta possível. E, isso foi realizado, convidando o que havia de
melhor, de pessoas que militavam no meio salonistico, muita gente pensava que o
Futebol de Salão e Futsal eram a mesma coisa. Assim conseguimos evitar um
choque cultural. Mas vale ressaltar que o Futsal FIFA teve uma aceitação muito
boa na cidade.
Blog – Nathan na Área – O senhor residiu em Fortaleza por mais de uma década, como foi o seu contato com o esporte na capital cearense?
JT: Outra
realidade. Tive o privilegio de conhecer assim que cheguei a capital cearense
uma pessoa maravilhosa, Moura Pinto, árbitro da Federação Cearense de Futebol e
da Confederação Brasileira de Futsal-CBFS. Ele abriu as portas para que eu
pudesse conhecer as maiores personalidade do esporte cearense e do Brasil. Foi
assim que desembarquei em Fortaleza. No segundo dia já estava conhecendo a
administração da Confederação Brasileira de Futsal e da Federação Cearense de Futsal e Futebol. Árbitros, ex-atletas, jornalistas, dirigentes atuais e da velha guarda,
foi algo que sempre sonhei, e está ali, sentado, conversando com pessoas que
ajudaram a criar o que é hoje o Futsal no pais, foi um momento de muita
alegria, uma emoção indescritível, para um menino nascido no interior do Rio
Grande do Norte, que jogou descalço pelas ruas de Pau dos Ferros, com bola de
borracha com remendo ou bola feitas de meias velhas.
Blog –
Nathan na Área – O senhor esteve no Sumov. Como foi fazer parte desse grande
clube brasileiro?
JT: Tem coisas que nos emociona, e uma delas é voltar ao passado para lembrar-se de coisas boas, de amigos, é algo que mexe dentro do coração da gente. Pois trás lembranças boas, de amigos que lá deixei e de outros que se foram, como o amigo Gláucio de Castro, técnico da seleção brasileira de Futsal SUB 20, falecido em 2006 com apenas 48 anos de idade. São esses momentos de alegria ou saudade que marcou a minha passagem pela querida cidade Alencarina, da qual tenho tanto carinho e grandes amigos. Mas respondendo a sua pergunta Nathanzinho, o Sumov era um sonho de criança. Desde menino, aos 12 anos, passei a colocar no meu coração esportivo, ao lado do tricolor das laranjeiras, a equipe cearense do Sumov. De craques como: Leonel, pessoa extrovertida, que tantas histórias me contou, quando nos encontrávamos em jogos, dava para escrever um livro sobre as suas peripécias. Cacá, um amigo próximo que conheci e fiquei cada vez mais seu admirador, um craque dentro da quadra, um gentleman fora dela. Ser convidado por Francisco Aires, então técnico e coordenador geral do clube do Sumov, para fazer parte da comissão técnica no elenco principal, foi uma experiência espetacular, mas de muita responsabilidade. Trabalhar com atletas de seleção brasileira como: Facó, Djacir, campeão mundial em 1996 na Espanha, Paulo César, entre outros, foi mais que um prêmio para mim, foi a realização de um sonho e a oportunidade de aprender e de poder transmitir para outras gerações de atletas e desportistas, o verdadeiro significado do que é o profissionalismo.
Blog – Nathan na Área – Quanto tempo o senhor passou no Sumov?
JT: Foram dois
anos ininterruptos, sem férias e muito trabalho. Até o ultimo dia, eu saia de
casa para esse maravilhoso clube, com o mesmo empenho, do primeiro dia que eu
cheguei para fazer parte daquela maravilhosa comissão técnica. Na categoria
principal não chegamos a conquistar o campeonato estadual, batemos na trave, os dois
anos que estive lá, mas na categoria SUB 20, foram 2 anos espetaculares, de
todas as competições da qual, a molecada participou não deu para ninguém,
foram vitórias arrasadoras, um grupo fantástico, que nesse período só teve uma derrota e foi para a equipe do
colégio Walter Sá Cavalcante, a qual eu também participava, ajudava um amigo meu nos
treinamentos. No entanto o que me orgulhou mais dessa passagem pelo Sumov, foi
poder ajudar a vários garotos daquele elenco, muitos deles do interior, para
que não desistisse do sonho, que continuassem lutando e um dia eles iriam
vencer. Pois eu como auxiliar técnico da equipe principal, tinha o respeito de
todos, e depois ao vê-los pela televisão, atuando pela equipe principal do Sumov
ou por outras equipes de grande destaque, só isso me faz sentir realizado por
ter contribuído para o Sumov e principalmente com o salonismo cearense e
brasileiro. Pois, assisti uma partida do Barcelona de Futsal e ver um
daqueles garotos da geração de 2004, que ajudei de alguma forma para que ele
pudesse alcançar mais um degrau na sua vida, é algo muito gratificante. Só
tenho a agradecer ao amigo Aires e a Moura Pinto por levar-me ao Sumov Atlético Clube, minha equipe de
coração.
Blog – Nathan na Área – Como foi a vinda do Sumov à Pau dos Ferros em 2007?
JT: Há,
espetacular. Isso começou em 1987, quando eu e meu primo estávamos assistindo a
um torneio no Ginásio de Esportes Prof. João Faustino, naquela ocasião estava
sendo realizada a primeira competição salonistica de envergadura, na recente
inaugurada praça esportiva. E conversando sobre salão, e ele como morava em
Fortaleza, contou que conhecia o Sumov e até estudava com alguns atletas do
clube, e logo a conversa foi tomando um rumo que eu disse quem sabe um dia
agente possa trazer o Sumov para fazer uma apresentação aqui. E aquilo ficou gravado na
minha mente, como se fosse uma divida comigo mesmo. E, quis o destino, os
deuses do esporte que em 2007, 20 anos após aquela nossa conversa, no terceiro
degrau da arquibancada, lado direito de quem entrava no portão principal do ginásio Prof. João Faustino, a poderosa equipe do Sumov, a instituição
salonistica mais velha do mundo em atividade, entrasse em quadra para cumprir a
minha promessa. A palavra daquele garoto, que não havia ainda completado a
maior idade, havia sido comprida. Foi assim que sempre tratei o esporte e
continuo até hoje. Mas a vinda se deu devido a insistência do presidente do
Sumov, o Coronel Gomes. Ele me propôs fazer o jogo e agradeço muito a ele por
isso. Sempre que vou a Fortaleza, faço um esforço para ir visitar o Sumov e na
última vez que estive lá, conversando com o coronel Gomes, ele lançou mais uma
proposta tentadora para o esporte de nossa cidade, no entanto, expliquei que
dessa vez eu estava só e não poderia abarcar sua proposta, mas foi algo
inédito. Ele queria colocar uma filial do Sumov em Pau dos Ferros. Só um
salonista da categoria do Coronel Gomes para fazer uma proposta dessa.
Infelizmente não tive como aceitar esse convite, não tinha como arcar com os
custos dessa parceria. Mas fiquei lisonjeado.
Na segunda parte desta entrevista, que será publicada na próxima semana, iremos destacar a questão do esporte nacional, estadual e local, assim como o futuro do nosso esporte e daqueles que militam na área esportiva e tem a missão de conduzir o destino do esporte.
Fonte:
Nathanzinho
Departamento de Comunicação do Blog – Nathan na Área
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