JOÃO HAVELANGE - O SENHOR FUTEBOL COMPLETOU 100 ANOS. Ao lado do seu maior aliado, HOST DASSLER, ele influenciou no COI, revolucionou a FIFA e transformou o velho Futebol praticado no salão em Futsal moderno.

Matéria publicada em 16 de maio- 2016 pelo blog - Futebol de Pau dos Ferros/RN  

João Havelange, eterno padrinho do Salonismo brasileiro, eleito o Dirigente Esportivo do século XX, acabou de completar 1OO anos de vida. Em 1989, ele surpreendeu o mundo esportivo, quando apresentou o Futsal Moderno.

Dr. João Havelange – O brasileiro que transformou a FIFA e o mundo do Futebol, desde 1958, quando assumiu a presidência da CBD, agregou o Futebol de Salão para dentro da entidade e 30 anos depois, em 1989, já na presidência da FIFA, levou o salonismo brasileiro para dentro da entidade futebolística e expandiu a modalidade para todo o planeta bola.

Há 100 anos nascia Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange, mais conhecido como João Havelange. Um atleta, empresário, advogado e aquele que se transformou num dos maiores dirigentes esportivos do mundo. Havelange foi presidente da FIFA de 1974 a 1998. 

Completamente lúcido, o ex-presidente da Fifa almoçou no Country Club, no Rio, nesse sábado. No dia do aniversário, a festa foi em família com um almoço em sua casa em Ipanema. Nesta segunda-feira, sua mulher Ana Maria e a filha Lúcia Havelange mandaram rezar uma missa na igreja Nossa Senhora da Paz, no mesmo bairro.

O ETERNO PADRINHO DO SALÃO BRASILEIRO

Em 1989, Havelange encampou a ideia de levar para a FIFA, o velho e bom Futebol de Salão brasileiro. Ao lado da vários salonistas da época, o então presidente da FIFA, conseguiu um acordo espetacular, no qual o Brasil passaria a ser protagonista direto no Futebol Indoor, o Futebol jogado em espaço reduzido.

O SALÃO brasileiro, através da Confederação Brasileira de Futebol de Salão-CBFS, com sede em Fortaleza-CE, deixava as antigas estruturas administrativas da modalidade, no caso a FIFUSA (à nível mundial) e CSFS (à nível de continente sul americano) e passava para dentro da mentora futebolística mundial.

Com a saída do Futebol de Salão para o seio da FIFA, caberia a CBF, gerir o Futsal brasileiro, porém com o acordo intermediado pela FIFA, entre a entidade nacional que comandava o futebol e Confederação Brasileira de Futebol de Salão, foi realizado uma alteração no estatuto da CBF, onde a mesma passava para a CBFS, com sede em Fortaleza, o direito de dirigir, fomentar e desenvolver o Futsal em todo território brasileiro.

No acordo, o Futebol de Salão saía de cena, e junto consigo também saiam a sua nomenclatura, suas regras e toda a filosofia que norteava as  diretrizes ultrapassadas e obsoletas para um mundo globalizado que se avizinhava cada vez mais próximo, muito mais veloz e que exigia mudanças para ultrapassar fronteiras e barreiras éticas e culturais.

No âmbito internacional, os países passavam por mudanças, antes dividido em dois blocos, ao final da década de oitenta, eles começaram a se dividir formando novos grupos, com novas regras econômicas e tendências mais liberais para agregar dessa forma, mais pessoas dentro de um mercado livre.

Nesse contexto, o esporte também passou a fazer parte desse mercado metodológico e mercantilista, o esporte neo liberal. As modalidades todas começavam a mudar os seus conceitos. Os esportes como o vôlei, Basquete e o próprio futebol convencional começavam suas mudanças, visando atingir espaço na mídia e atraindo o capital financeiro, de setores públicos ou privados.

O Dr. João Havelange percebendo a capacidade do Futebol de Salão, tanto técnica, tática e financeira que essa modalidade criada por brasileiros, nos idos dos anos quarenta, havia alcançado, através de sua performance como modalidade de expressão, assim como a capacidade de seus dirigentes para conduzi-la á nível mundial, encampou dentro da FIFA, a ideia de trazê-lo para dentro da  mentora futebolística mundial e para isso trabalhou arduamente no convencimento de toda a família do futebol internacional, da importância do Salão como fonte mantenedora para o futuro do futebol de 11.

Havelange conhecia como ninguém o Futebol de Salão, pois quando assumiu á-presidência da CBD em 1956, trouxe esta modalidade esportiva pouco conhecida nacionalmente para dentro da CBD, incentivou a padronização das regras no país e deu total apoio a criação da primeira competição salonista no mundo, o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais em 1959.

Em 1967, solicitou aos salonistas que realizasse todos os esforços para patentear o Futebol de Salão como modalidade esportiva e originaria no Brasil. Fato que veio acontecer com a realização do “Congresso das Federações”. No final do congresso chegaram a conclusão, foi que o Futebol de Salão é um esporte genuinamente brasileiro.

Em 1968, solicitou ao então Conselho Técnico de Assessores da CBD que fosse  criada uma competição a nível de estado, ao mesmo modo do que acontecia com o futebol de 11. Nascia a I Taça Brasil de Futebol de Salão, no qual participava as equipes campeãs de cada estado da federação.

A pedido também de João Havelange, foi criada no Rio de Janeiro em 1971, á FIFUSA (Federação Internacional de Futebol de Salão), onde assumiu a presidência da entidade internacional para o SALÃO.

 Em 1979, o Futebol de Salão brasileiro ganhou sua própria confederação nacional, á CBFS. Havelange estava no comando da Fifa desde 1974. No Brasil o futebol estava sob o comando dos militares, através dos irmãos Nunes. E esses não queriam nenhuma influência de Havelange na CBD.

Apesar da  maioria dos dirigentes do Futebol de Salão internacional, não haver concordado, a princípio, com a ideia de passar o salão para o seio da FIFA, os  brasileiros, como criadores e lider natural da modalidade, decidiu por unanimidade e no final de 1989, o acordo entre a FIFA, representada por João Havelange (Brasil), Blatter (Suiça), Pablo Porta Bussoms (Espanha), Júlio Grondona (Argentina), Nicolás Leoz (Paraguai), Ricardo Teixeira (Brasil) e a CBFS(confederação Brasileira de Futebol de Salão), representada pelo salonistas; Aécio de Borba Vasconcelos (Brasil), Alvaro Melo Filho (Brasil, Januário D´Aléssio Neto (Brasil), Ciro Fontão de Souza (Brasil), entre outros, bateram o martelo e acertaram a saída do Brasil das antigas estruturas administrativas e a entrada na FIFA, com a criação de uma nova modalidade esportiva para o Futebol praticado em espaço reduzido.

Falcão – Escolhido pela FIFA para ser o embaixador do Futsal no mudo e Havelange, durante o FIFA GALA de 2004.

A nomenclatura a ser utilizada para identificar a nova modalidade, seria a palavra portuguesa: “FUTSAL” e  todas as suas regras utilizadas no antigo Futebol de Salão, seriam modificadas ou adaptadas a uma nova tendência de mercado, no qual a televisão teria um papel por demais significativo, além das marcas de artigos esportivos e patrocinadores em geral.

No entanto, no acordo firmado entre a CBFS e a FIFA, previa-se que o Futsal ficaria a cargo das Associações nacionais de Futebol, filiadas a FIFA em seus respectivos países. E, nos casos onde já existissem no pais uma estrutura administrativa do Salão independente a do futebol de 11, teria que ser firmado um acordo entre as duas partes, o que foi fácil de acontecer no Brasil entre a CBFS e CBF, esta última então presidida por Ricardo Teixeira, genro de Havelange, não houve dificuldades. O que não ocorreu em outros países, nos quais as Federações nacionais de futebol absorveram o Futsal e criaram departamento internos para gerir a modalidade.

João Havelange na sede da Confederação Brasileira de Futsal.

Durante a inauguração em Fortaleza-CE, da sede da Confederação Brasileira de Futsal em 1996, o Dr.João Havelange, aparece no flagrante da imagem ao lado do presidente da entidade salonista, Dr. Aécio de Borba Vasconcelos e do vice-presidente, Vicente Piazza.

João Havelange foi um dos dirigentes mais transformadores da história do Esporte. Presidente da Fifa por mais de 24 anos, ele contribuiu também com o mundo olímpico onde foi atleta e membro do COI. Seu discurso em Copenhague no dia 2 de outubro de 2009 na reta final da eleição da cidade sede para os jogos de 2016 praticamente assegurou a vitória do Rio.

“Convido todos vocês para estarem comigo em 2016, na minha cidade, no novo Brasil, para celebrar os Jogos e, por uma incrível coincidência, também o meu centésimo aniversário”. Com essa frase, João Havelange engajou a maioria dos membros do COI com direito a voto. O convite foi aceito e o Rio hoje está a 89 dias dos primeiros Jogos Olímpicos do Brasil e da América do Sul.

Sua atuação durante a campanha brasileira para sediar os jogos olímpicos de 2016, foi decisiva para a vitória do Brasil em Copenhagen. Na foto Nuzman, presidente do COI, parabeniza o Dr. João Havelange pelo discurso eloquente a favor da candidatura brasileira.

Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange foi muito mais do que um dos dirigentes considerados dos maiores do século. Este carioca, filho de belga, nascido no dia 8 de maio de 1916, foi um apaixonado pelo esporte desde a infância. Não apenas como aficionado, mas também como praticante de várias modalidades, sempre com destaque. Um verdadeiro atleta do seu tempo.

Os esportes olímpicos eram motivo de orgulho. Na natação, competiu com as cores verde e amarela nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. Grande jogador de pólo-aquático, disputou os Jogos Pan-Americanos de 1952. Em 1956, já dando mostras de sua imensa capacidade de liderança, foi o comandante da delegação brasileira no Pan-Americano em Melbourne.

O atleta João Havelange.

O futebol não poderia ficar de fora da vida de João Havelange. Campeão juvenil em 1931 pelo Fluminense, o clube do coração, ele brilhou mais fora das quatro linhas. Eleito presidente da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), em 1956, promoveu uma verdadeira jornada de modernização no Brasil. Líder e administrador nato, João Havelange deu formato de organização ao futebol brasileiro, na época reconhecido apenas por seu progresso dentro dos gramados. Faltava-nos o mínimo de estrutura para um melhor desempenho, principalmente da Seleção Brasileira, marcada pelas adversidades nas Copas do Mundo de 1950 e 1954.

O dirigente procedeu então a um trabalho de profunda mudança. Na administração João Havelange, a Seleção Brasileira alcançou o topo do mundo, com a conquista do tricampeonato mundial: 1958/1962/1970. Algo que nos transformou no 'País do Futebol', temido e admirado por todas as seleções do mundo. O outrora desacreditado futebol brasileiro passou a ter o devido respeito dos milhões de torcedores apaixonados pelo esporte mais popular do planeta.

1974 – João Havelange chega ao comando da FIFA, depois de derrotar o britânico Stanley Rous. Os inventores do futebol perdiam o comando da entidade máxima do futebol internacional para um brasileiro, eles subestimaram Havelange, não contavam com a sua genialidade e a capacidade na articulação política.

Com a carreira de dirigente nacional tão bem-sucedida, o caminho para voos mais altos se desenhou de maneira natural. Eleito em 1974 à presidência da FIFA, repetiu na entidade máxima o que fizera com êxito no futebol brasileiro. Com um trabalho diurno, deu voltas ao mundo dialogando com os presidentes das centenas de confederações de futebol em todos os continentes.

A Copa do Mundo, por exemplo, até então um evento importante, passou a ter uma dimensão gigantesca. O campeonato, engrandecido, passou a despertar a emoção de milhões de torcedores em todos os cantos do mundo, com a repercussão advinda da intensa participação de todos os continentes e impulsionada pelas transmissões de jogos pela televisão.

O brasileiro sempre alardeou o fato de ter encontrado a Fifa com US$ 20 em caixa em 1974 e de ter edificado uma multinacional com mais filiados que a ONU, 209 países, e um patrimônio financeiro de US$ 4 bilhões quando passou o comando para Blatter em 1998.

Em 1989, Havelange emplacou o nome de seu genro, Ricardo Teixeira, para presidente da CBF. Depois de dez anos, o controle da entidade futebolística nacional voltava novamente para o seu comando.

Host Dassler, dono da Adidas e João Havelange realizaram uma das parcerias mais vitoriosas no mundo dos esportes. Os acordos entre a FIFA e a marca de artigos esportivo alemã, possibilitou ao futebol tornar-se num esporte de massa, atingindo proporções gigantescas.

Horst Dassler era o filho de Adolf "Adi" Dassler , que fundou a Adidas . Horst Dassler começou com a Adidas França em Landersheim, França , competindo contra Adidas Alemanha de seu pai e do seu tio com a Puma .Posteriormente, fundou Arena , uma famosa marca de moda praia.

Com o Presidente da FIFA João Havelange , viu o potencial de aproveitar a grande popularidade mundial de futebol para os interesses das grandes empresas. Juntamente com Patrick Nally ele começou a adquirir patrocínios de empresas 'blue chip ", como Coca-Cola .  ' Horst Dassler morreu em 09 de abril de 1987 de complicações devido ao câncer.

Na imagem acima, Horst Dassler, o todo poderoso da Adidas.

o brasileiro João Havelange e o Suíço Joseph Blatter - Por 40 anos essa dupla comandou o mundo do futebol. Aos cem anos de vida, Havelange observa do seu apartamento na cidade do Rio de Janeiro, as mudanças que vem ocorrendo no mundo diretivo do esporte e da política internacional. Com certeza, as coisas estão muito diferentes de quando ele iniciou sua carreira de dirigente esportivo.

Os ventos estão assoprando para o lado contrário. Nem chover quer mais. O galo, que cantava na madrugada, quando os primeiro raios de sol ameaçava sair. Hoje, quando dá 11 horas da noite os galos que ainda resta na minha pequena cidadezinha, de 29 mil habitantes, conhecida por Pau dos Ferros, os galos começam a cantarolar.

O tempo alterou-se muito rápido, atualmente troca-se de dirigentes na política e no esporte como a roupa que vestimos. Passei dois dias sem ouvir notícias de televisão e quando fui saber o que estava ocorrendo no mundo, haviam mudado o presidente do Brasil, da câmara. O presidente de uma confederação já havia sido expulso, e todo dia não se fala em outra coisa, sai e entra de dirigentes nos clubes, federações, confederações e no poder político. Os amantes do esporte nem sabe os seus nomes. pois são: Gente sem história, sem poder e sequer sabe a história de suas entidades.  Pessoas sem nenhuma capacidade de gerir uma modalidade esportiva. “Muitos jovens e muito prosa”.

Em 1º de maio de 1996, durante o congresso da CONMEBOL, Havelange colocou o seu amigo paraguaio, Nicolás Leoz, na presidência da entidade futebolista sul americana em substituição peruano Teófilo Salinas.

Dr. João Havelange e o paraguaio, Nicolás Leoz, ex-presidente da CONMEBOL, em 2010, quando da homenagem oferecida pela entidade ao brasileiro.

Sob seu mandato, a Copa do Mundo passou de 16 para 32 seleções e deu um maior protagonismo para América, África e Ásia, estendendo a febre pelo futebol a todos os cantos do planeta.

Além disso, introduziu novos torneios como os mundiais Sub-17 e Sub-20, o feminino e a Copa das Confederações e se empenhou em que o futebol fosse um espetáculo que consegue fazer milhões de pessoas que não cabem nos estádios se amontoarem em frente da televisão.

Ele saiu de cena da FIFA como o maior presidente da história da entidade – reconhecimento chancelado pelo título de presidente de honra.

Como apaixonado também pelas modalidades olímpicas, onde deu os primeiros passos na sua história de amor pelo esporte, João Havelange foi um dos poucos brasileiros eleitos como membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), função que honrou em 40 anos ininterruptos de atividade.

Havelange e Joseph Blatter, o seu velho escudeiro na FIFA.

Havelange com o ex-craque da seleção francesa de futebol, Michael Platini.

Em 2008, durante a solenidade de inauguração das novas instalações da sede da FIFA, o DR. João Havelange este em Zurich, para participar da festa.

No flagrante, vemos Blatter e Urs Linsi, conduzindo a chave e vindo logo atras Júlio Grondona e Havelange.

A FAMILIA

Havelange, a esposa Ana Havelange e a neta Joana Havelange, filha de Ricardo Terra Teixeira.

Neste mês, precisamente no dia 8 de maio de 2016, foi o dia dos 100 anos deste grande desportista, a Confederação Brasileira de Futebol, através do presidente Marco Polo Del Nero, diretores e funcionários prestou uma justa homenagem a este ilustre brasileiro e cidadão do mundo.

 
Parabéns, presidente João Havelange 

João Havelange e Zagalo, campeão mundial de futebol em 1958, 62 e como técnico da seleção brasileira durante o mundial de 1970, no México.

 

Forte: Nathanzinho

Departamento de Comunicação do blog - Futebol de Pau dos Ferros/RN